terça-feira, fevereiro 02, 2010

O papel das agências de "rating"

As agências de notação de "rating" têm por missão avaliar a capacidade dos Estados e das empresas em cumprirem com o reembolso da dívida que emitem e vendem a investidores. Tpicamente, a escala vai de "AAA", a melhor classificação, a "D", que significa que a entidade que emite a dívida não tem capacidade para a pagar. Existem no mercado diversas agências especializadas em medir o risco de crédito de instituições/títulos, sendo que as mais conhecidas são a Moody’s, Fitch Ratings e Standard & Poor's.

O grau de avaliação destas empresas é dado após a análise de muitos factores, desde informações públicas noticiadas nos órgãos de comunicação social, demonstrativos financeiros das empresas, análise de balanços, perspectivas, análise sectorial, entre outros factores. Após toda esta avaliação dos dados e informações recolhidas, o comité responsável dentro da agência estabelecerá o respectivo ranking. De facto, o rating não se constitui de verdade única, apenas tem por base a opinião dos seus avaliadores, servindo somente para orientar os investidores do grau de risco incorrido no crédito cedido aquela empresa. Assim sendo, a reputação de cada agência de rating, o seu histórico, a credibilidade junto do mercado e capacidade técnica dos seus colaboradores são valores extremamente importantes para estas agências. Contudo, é muito complicado avaliar-se o grau de isenção destas agências e até que ponto elas serão totalmente imunes a pressões dos vários governos ou empresas, pois cada vez mais estes rating assumem um papel absolutamente decisivo para estas entidades.

Há alguns anos, na área da consultadoria financeira, surgiu o célebre caso da Arthur Andersen que teve que deixar de operar sobre esta sigla depois do escândalo da Enron nos EUA. Esta situação torna patente a debilidade destas instituições em termos de credibilidade a médio e longo prazo. Julgo que seria sensato e recomendável que a União Europeia tivesse um papel decisivo na constituição de uma agência de rating verdadeiramente independente. Esta solução poderia passar pela constituição de uma entidade que fizesse concorrência a esta três multi-nacionais americanas e que poderia estar associada ao Banco Central Europeu (BCE). Outra solução, mas que neste caso teria que merecer o consenso das autoridades americanas, passaria pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) assumir também este papel. Seria preferível a existência de uma única entidade sólida a operar à escala mundial, em detrimento da actual proliferação das agências de rating e dos seus inevitáveis jogos de bastidores para serem reconhecidas e aceites pelas governos e empresas com maior poderio no mercado.