segunda-feira, abril 11, 2011

Entrada do FMI em Portugal

O recente pedido de ajuda de Portugal às instâncias europeias e ao FMI é entendido por muitos analistas e agentes no mercado como demasiado tardio. É inteiramente verdade este tipo de análise, mas também não deixa de ser verdade de que o país deveria ter realizado todos os esforços para evitar este pedido de ajuda. Mais do que ser humilhante para os nossos governantes, serão certamente os mais de 10 milhões de portugueses que irão sofrer pela introdução do plano de austeridade que se avizinha.
Contrariamente a 1978 e 1983 em que a entrada do FMI em Portugal permitiu a implementação efectiva de medidas de reestruturação da nossa economia e o seu crescimento económico subsequente, a verdade é que o actual papel do FMI na Grécia e Irlanda não produziu efeitos imediatos positivos, tendo apenas evitado que estes países recorressem a financiamento junto dos mercados externo. Julgo que este papel do FMI tem sido bastante redutor e esta é uma situação que deve preocupar os portugueses. O FMI não deveria ter um papel exclusivamente financeiro, mas deveria procurar reunir uma equipa credível que permitisse acompanhar a execução orçamental do Governo e que estivesse presente nas principais decisões estratégicas da governação portuguesa. Só desta forma se pode combater o desperdício, a falta de rigor e se poderá colocar em ordem certos ministérios e empresas públicas, que de outra forma continuirão a ser mal geridos.
Cabe ao FMI e âs agências europeus definir o modelo de intervenção e de acompanhamento para Portugal. Terá que ser o Governo em conjunto com os principais partidos da oposição a negociar o respectivo plano de austeridade e sistema de contra-partidas. Espero que este plano de austeridade seja construído tendo por base um corte assinalável das despesas do Estado e seja orientado para o crescimento económico. Estou convencido que será muito complicado fugir-se a um cenário de aumento de impostos, mas este aumento deve ser sempre bastante selectivo para que o crescimento económico do país não seja posto em causa. Caso contrário, Portugal caminhará cada vez mais para um afastamento dos padrões de vida dos seus parceiros europeus.