terça-feira, junho 22, 2010

Chefias nas empresas públicas

Apesar de manifestamente tarde, é de louvar a atitude do PSD em denunciar o excessivo número de cargos de chefia existentes nas empresas públicas. Segundo dados recolhidos pelo PSD, as empresas públicas possuem em média mais de 60 chefes com uma remuneração média mensal acima dos 6 mil euros. Para além disso, e de forma surpreendente (ou talvez não) constatou-se a existência de vários chefes sem qualquer subordinado.

Há já algum tempo que venho alertando para o elevado número de chefias intermédias na administração pública e a sua falta de qualificações. Em grande parte das vezes, as qualificações académicas e técnicas dos chefes encontram-se abaixa da qualificação dos seus subordinados, não tendo por isso qualquer capacidade para liderar projectos e assumir as responsabilidades das suas decisões. Muitos destes cargos de chefia foram obtidos devido a uma natural progressão na carreira por antiguidade. Segundo esse modelo, os cargos de chefia são entregues aos empregados mais antigos e estas funções de maior responsabilidade exigem cada vez menos requisitos e competências técnicas. Este é um modelo que desmotiva os vários colaboradores das empresas públicas e que entrega às chefias a responsabilidade, quase exclusiva, pela gestão da burocracia.

Acredito que uma solução a este nível tenha que passar pela reestruturação das carreiras públicas. Não acredito numa solução que apenas vise suprimir alguns destes lugares e baixar alguns destes salários sem uma visão consertada de todas as carreiras públicas. A remuneração dos cargos de chefia deve ter sempre uma componente variável indexada ao desempenho do chefe e do seu departamento ou divisão que se encontra responsável. A progressão hierárquica na empresa não deve passar em exclusivo pela subida a um lugar de chefia, mas deve ir de encontro ao perfil e motivação de cada colaborador. Julgo que um colaborador tecnicamente competente e de inequívoca mais valia para a empresa deve ser premiado em termos salariais, sem que isso implique a sua passagem para um lugar de chefia, que não é a sua principal motivação. Desta forma, evita-se perder um bom colaborador e evita-se ganhar um mau chefe.