
Regressando aos factos que suscitaram toda esta polémica. O e-mail que foi tornado público pelo DN e trocado entre a casa civil da presidência da república e o jornal Público poderá ter sido interceptado junto do jornal Público, e não dos computadores da Presidência da República. Aliás, este é até o cenário mais provável. Em 2º lugar, o PS lançou a acusação de que membros da casa civil da presidência participavam na elaboração do programa de governo do PSD. Também julgo que tal situação não constitui uma irregularidade, pois o seu contributo é feito em nome pessoal e não são remunerados por esta tarefa. Contudo, faltou o esclarecimento por parte do Drº. Cavaco Silva logo que esta acusação foi lançada pelo PS. Em 3º lugar, o Presidente da República não pode acordar para o problema da segurança informática a meio do seu mandato presidencial. Este é um problema sério e deveriam já existir políticas de segurança informática que permitissem certificar a segurança dos sistemas de informação usados no Palácio de Belém. Este deveria ser um procedimento regular e não meramente extraordinário.
Por último, e respondendo ao repto de alguns comentadores políticos que julgam que se atingiu um ponto de não retorno entre a PR e o PM, gostaria de expressar também a minha opinião. Obviamente que as relações entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro e partido do governo (PS) estão tensas, mas julgo que o PS não se encontra liquidado à nascença. Acredito que toda esta poeira irá assentar e as relações entre estas duas instituições poderão melhorar, mas nunca estarão a um nível desejável para que se possa considerar que existe uma boa cooperação institucional entre S. Bento e Belém. Uma eventual demissão do novo Governo eleito democraticamente por parte do Presidente da República só iria prejudicar o país, a sua própria imagem pessoal e favorecer o PS. Garantidamente que se num curto espaço de tempo existisse um novo acto eleitoral, o PS teria todas as condições de conseguir um Governo de maioria absoluta e, aliado a isso, conseguir colocar um Presidente da República indicado pelo Partido Socialista. Este, é de todo, um cenário que não agrada ao actual Presidente da República e também ao PSD. A política, contrariamente à cultura militar, baseia-se em cenários de equilíbrio e todos os envolvidos sabem das consequência nefastas que existem em colocar em causa este equilíbrio. Na política opta-se muitas vezes por se seguir uma estratégia baseada no adiamento, da não tomada de decisão, para não ferir certas susceptibilidades. Por outro lado, a cultura militar é bem mais pragmática, procurando os desequilíbrios com o intuito de encontrar um vencedor.
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