
Há já algum tempo que venho alertando para o elevado número de chefias intermédias na administração pública e a sua falta de qualificações. Em grande parte das vezes, as qualificações académicas e técnicas dos chefes encontram-se abaixa da qualificação dos seus subordinados, não tendo por isso qualquer capacidade para liderar projectos e assumir as responsabilidades das suas decisões. Muitos destes cargos de chefia foram obtidos devido a uma natural progressão na carreira por antiguidade. Segundo esse modelo, os cargos de chefia são entregues aos empregados mais antigos e estas funções de maior responsabilidade exigem cada vez menos requisitos e competências técnicas. Este é um modelo que desmotiva os vários colaboradores das empresas públicas e que entrega às chefias a responsabilidade, quase exclusiva, pela gestão da burocracia.
Acredito que uma solução a este nível tenha que passar pela reestruturação das carreiras públicas. Não acredito numa solução que apenas vise suprimir alguns destes lugares e baixar alguns destes salários sem uma visão consertada de todas as carreiras públicas. A remuneração dos cargos de chefia deve ter sempre uma componente variável indexada ao desempenho do chefe e do seu departamento ou divisão que se encontra responsável. A progressão hierárquica na empresa não deve passar em exclusivo pela subida a um lugar de chefia, mas deve ir de encontro ao perfil e motivação de cada colaborador. Julgo que um colaborador tecnicamente competente e de inequívoca mais valia para a empresa deve ser premiado em termos salariais, sem que isso implique a sua passagem para um lugar de chefia, que não é a sua principal motivação. Desta forma, evita-se perder um bom colaborador e evita-se ganhar um mau chefe.
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