
Contrariamente a 1978 e 1983 em que a entrada do FMI em Portugal permitiu a implementação efectiva de medidas de reestruturação da nossa economia e o seu crescimento económico subsequente, a verdade é que o actual papel do FMI na Grécia e Irlanda não produziu efeitos imediatos positivos, tendo apenas evitado que estes países recorressem a financiamento junto dos mercados externo. Julgo que este papel do FMI tem sido bastante redutor e esta é uma situação que deve preocupar os portugueses. O FMI não deveria ter um papel exclusivamente financeiro, mas deveria procurar reunir uma equipa credível que permitisse acompanhar a execução orçamental do Governo e que estivesse presente nas principais decisões estratégicas da governação portuguesa. Só desta forma se pode combater o desperdício, a falta de rigor e se poderá colocar em ordem certos ministérios e empresas públicas, que de outra forma continuirão a ser mal geridos.
Cabe ao FMI e âs agências europeus definir o modelo de intervenção e de acompanhamento para Portugal. Terá que ser o Governo em conjunto com os principais partidos da oposição a negociar o respectivo plano de austeridade e sistema de contra-partidas. Espero que este plano de austeridade seja construído tendo por base um corte assinalável das despesas do Estado e seja orientado para o crescimento económico. Estou convencido que será muito complicado fugir-se a um cenário de aumento de impostos, mas este aumento deve ser sempre bastante selectivo para que o crescimento económico do país não seja posto em causa. Caso contrário, Portugal caminhará cada vez mais para um afastamento dos padrões de vida dos seus parceiros europeus.
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