domingo, novembro 13, 2005

O candidato

Aníbal Cavaco Silva, de seu nome, Nasceu a 15 de Julho de 1939, numa freguesia do concelho de Loulé, chamada de Boliqueime.

Doutorado em Economia pela Universidade de York em 1974, tendo trabalhado em diversos pontos, no Instituto Calouste Gulbenkian, Universidade Católica, e como director do departamento de Economia no Banco de Portugal.

Politicamente, torna-se militante do PSD (então PPD), em 1974, aquando do regresso a Portugal depois de se doutorar. Integra o Governo de Sá Carneiro em 1980 como ministro das finanças, ganhando uma reputação de liberal económico, deixando esse governo depois da morte do mesmo. Em 1985 baralha os dados políticos, seja no partido, com a inopinada vitoria no congresso da Figueira da foz, seja na área do poder, com a ruptura do bloco central e a subsequente vitoria eleitoral, lhe permite formar um governo minoritário. Para marcar a diferença, cultivou a sua condição de outsider, construindo a imagem do algarvio que sempre prezou mais a profissão de economista e professor universitário do que a de político. Que não é oriundo do eixo Lisboa – Cascais, a que pertence grande parte da classe política, e sim do «pais real», onde vive e trabalha o povo. Não tarda a que os portugueses o comparem com outros homens providenciais, como João Franco, Sidónio Pais ou Salazar. Não lhe falta sequer uma ponta de autoritarismo e determinação capaz de tornar a comparação mais credível, embora nunca deixe de aceitar o jogo democrático. Mas Cavaco Silva tem tudo a seu favor: uma economia recuperada depois das medidas repressivas do FMI, um país em vias de entrar para a CEE e passar a receber os seus benefícios e um mundo em acelerado crescimento económico. Mas o governo de Cavaco é uma surpresa por outro motivo, pela juventude média dos seus membros, pela sua inexperiência política da maior parte deles, e pela componente tecnocrática da sua governação.

Com a moção de censura proposta pelo PRD que leva à dissolução do parlamento e consequentes eleições antecipadas, Cavaco Silva obtém um resultado Histórico: 50.2, um resultado que nem a AD de Sá Carneiro conseguiu. Conquistando 148 lugares dos 250 possíveis. O Cavaquismo torna-se uma realidade.

Cavaco Silva ganha também as eleições em 1991 com uma percentagem parecida, que mantém a mesma proporção na assembleia. Mário Soares depois disso insiste em guerrear e contradizer cavaco durante os seguintes 4 anos (apesar de a relação nos 4 anos anteriores ter sido sem fria e distante foi sempre cordial e apesar de o PSD ter apoiado Soares na candidatura ao 2º mandato.) Cavaco nesses anos seguintes comete o erro político de entrar em guerra com os media. E com vários aparelhos de estado chamando-lhes «forças de bloqueio», como as forças armadas, a Procuradoria-geral da Republica, o tribunal de contas e até o Tribunal Constitucional. Tudo isto culmina com a frase: «Deixem-nos trabalhar!» dita em plena assembleia da Republica.

A onda de desagrado começa quando o P.M. não assina o tradicional despacho que da ponte na terça-feira de Carnaval. O aumento das portagens na ponte 25 de Abril, que dá origem ao bloqueio e a confrontos com as forças policiais, que atinge grande mediatismo quando são transmitidos em directo pelas novas televisões privadas. Soares interfere, e opina que «talvez era melhor para o pluralismo democrático a não existência de uma maioria absoluta» e compara essa mesma maioria a uma ditadura. Cavaco responde com um «tabu» entrando em guerra aberta com Belém que culmina quando diz que Soares «deixou de ser o presidente de todos os portugueses». Ate 1995 Cavaco não diz nem mais uma palavra acerca da sua futura vida politica que destabiliza todo o circulo politico, até o próprio PSD, afectando a sua capacidade governativa.

Quebrando o «tabu», Cavaco afasta-se da liderança do PSD em Fevereiro de 1995 e concorre à presidência da Republica. Curioso, Cavaco na tomada de posse de António Guterres desmaia. Nas presidenciais Cavaco perde para Jorge Sampaio e afasta-se da vida política e do partido. Só dez anos depois, em 2005, é que volta a apresentar candidatura para as presidenciais contra, precisamente, Mário Soares.

Ao apresentar a sua candidatura, pessoal e independente, à Presidência da República, Cavaco Silva fundamentou a sua decisão num imperativo de consciência, declarando que, como Presidente, contribuirá para abrir caminho à esperança e ajudará Portugal a vencer as dificuldades em que está mergulhado e a construir um futuro melhor para os portugueses.

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